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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Ministério da Saúde confirma primeiro caso de coronavírus no Brasil

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, fala sobre o primeiro caso de coronavírus no Brasil Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

Brasileiro de 61 anos esteve na Itália; Mandetta recomendou não viajar à Lombardia: 'preferiria passear em Cachoeiro do Itapemirim, Niterói, Foz do Iguaçu'.

BRASÍLIA O Ministério da Saúde confirmou, em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, o primeiro caso do novo coronavírus no Brasil. Trata-se de um brasileiro de 61 anos que foi atendido no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele esteve na Itália, que já registrou mais de 320 casos, com pelo menos 4 mortes. Um exame preliminar já havia dado positivo para o vírus.

Depois, o hospital enviou a amostra para o laboratório Instituto Adolfo Lutz, localizado em São Paulo e de referência nacional, para ser realizada a contraprova, que também deu resultado positivo. O paciente passa bem e se recupera em casa, depois de ser atendido no Albert Einstein.

Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o paciente ficou na Itália de 9 a 21 de fevereiro e retornou ao Brasil sem sintomas. No último domingo, ele recebeu 30 pessoas da família, as quais já foram todas contatadas. Na segunda procurou o Hospital Albert Einstein, que coletou o material. O coronavírus atinge em especial idosos, caso do paciente brasileiro.

O Brasil já está no terceiro nível de risco, o mais alto dos três estabelecidos pelo Ministério da Saúde para enfrentamento à doença. Assim, a confirmação do caso não muda essa situação.

Mandetta ponderou que o caso do Brasil poderá ditar a dinâmica do vírus no Hemisfério Sul. O homem brasileiro é o primeiro caso confirmado na América Latina. A vítima do novo coronavírus veio ao Brasil através de Paris, na França, de onde embarcou para o Brasil:

— Esse paciente saiu da Itália, mas foi para conexão em Paris. Isso é comunicado à OMS, que vai fazer os contatos. Enfim, é uma situação em que a gente fica tentando mapear para entender o deslocamento das pessoas e dos vírus. Aumenta a nossa vigilância e preparativos para atendimento. São Paulo é nossa cidade mais populosa.

Mitigar efeitos

O ministro voltou a dizer que a testagem de temperatura nos pontos de entrada no país, como os aeroportos, é uma medida ineficaz. Isso porque as pessoas podem chegar com o vírus, mas sem sintomas como a febre. Ele também afirmou que está em fase de finalização um aplicativo com orientações sobre o que fazer em caso de suspeita de coronavírus.

Mandetta voltou a recomendar a "etiqueta respiratória". Isso inclui medidas como lavar as mãos com água e sabão, e usar um lenço para espirrar ou tossir. Na falta de um lenço, deve ser usada a parte interna do braço, evitando propagar o vírus. O ministro disse também que não há nenhum medicamento retroviral para ser usado contra o coronavírus. O que existe são remédios que combatem os sintomas, como a febre.

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, acredita que em sete dias terá condição de entregar aos estados, caso necessário, equipamentos de proteção individual, como máscaras e luvas, que devem ser usados pelos profissionais de saúde. Em razão do coronavírus, foi aberta no fim de janeiro uma licitação para a compra do material.

O secretário de Saúde de São Paulo, José Henrique Germann Ferreira, disse que o planejamento no estado não vai mudar muito, mas serão tomadas algumas providências. Afirmou também que vai aumentar o número de pessoas consideradas casos suspeitos.

— O caso está confirmado pelo Adolfo Lutz. Então agora passamos para uma nova fase de providências que começam a acontecer no sentido de mitigar os efeitos da doença no estado de São Paulo e em todo o Brasil — disse Germann.

A nova cepa do vírus, surgida na China, já matou mais de 2 mil pessoas, a maioria no país asiático. A doença provoca febre e sintomas respiratórios. Segundo nota divulgada na terça pelo Ministério da Saúde, o brasileiro com coronavírus apresenta sinais brandos da doença, como tosse seca, febre, dor de garganta e coriza.

O protocolo do Ministério da Saúde é fazer o isolamento domiciliar quando os sintomas são brandos, deixando a internação apenas para os casos mais graves.

— Esse paciente está bem, em casa, em isolamento domiciliar junto com sua família. Assim que deixar de apresentar os sintomas, deixará o isolamento e retoma a vida normal — disse Germann.

Isolamento domiciliar

Mandetta explicou que, por outro lado, quadros mais graves serão acompanhados em hospitais:

— O isolamento domiciliar é o mais recomendado. Temos que levar pessoas com quadro respiratório grave para o ambiente hospitalar. (Casos leves são) monitorados diariamente por uma equipe da Secretaria de Saúde — disse Mandetta.

A Secretaria de Saúde de São Paulo informou que o paciente com caso confirmado não usou transporte público no Brasil, o que poderia ajudar a propagar o vírus.

Dos insumos médicos que poderão ser necessários para enfrentar a doença no Brasil, Mandetta disse que a situação que mais preocupa, em razão de o fornecimento ser feito pela China, é a da imunoglobulina. Para contornar o problema, está sendo procurada uma solução no mercado interno brasileiro.
Os profissionais de saúde que entrarem em contato com o paciente deverão monitorar o estado de saúde durante 14 dias.

Mandetta disse não ser possível fechar fronteiras para evitar a transmissão. Segundo ele, a melhor medida é ser ágil para enfrentar casos confirmados da doença.

"É mais uma gripe que a humanidade vai ter que atravessar" — disse Mandetta.

O ministro explicou, ainda, que não há quarentena para as pessoas que vieram no mesmo voo do paciente com caso confirmado, por ser uma medida ineficaz. Segundo ele, será feito contato com as pessoas que estavam até duas fileiras à frente do paciente no avião, informando que houve um caso confirmado do novo coronavírus. Assim, se uma delas apresentar sintomas, poderá ir até uma unidade de saúde.

Casos suspeitos

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, destacou que, no mundo, os casos do novo coronavírus se concentram nas pessoas entre 40 e 69 anos. Já as mortes ocorrem principalmente entre os que têm 60 anos ou mais, sendo mais raras entre os mais jovens. Wanderson disse que agora o Brasil está na fase de contenção, ou seja, de evitar que o vírus se espalhe.

Caso isso não seja possível, terá início a fase de mitigação, ou seja, de reduzir a incidência de casos graves e mortes. O protocolo do Ministério da Saúde diz que isso ocorre quando houver 100 casos confirmados.

Dados apresentados por Nogueira apontam que, no geral, a letalidade da doença na China é igual a 2,9%, ou seja, de cada 100 pessoas com o vírus, três morrem. Já na média dos outros países, o índice cai para 1,4%.

Além do caso confirmado, há outros 20 suspeitos  no Brasil, dos quais 11 em São Paulo, dois no Rio de Janeiro, dois em Minas Gerais, dois em Santa Catarina, um no Espírito Santo, um em Pernambuco e um na Paraíba. Outras 59 suspeitas já foram descartadas, seja porque deram positivo para outros vírus, seja porque deram negativo para o novo coronavírus.

Dos 20 casos suspeitos, um é de uma pessoa que não viajou, mas teve contato com o paciente de 61 anos que viajou para a Itália, o que pode indicar transmissão dentro do Brasil. Há ainda um caso suspeito de alguém que manteve contato com outro caso suspeito.

Dos outros 18, todos são de pessoas que foram a países que já registraram a doença: Itália (12), Alemanha (2), Tailândia (2), França (1) e China (1). Entre os casos suspeitos, são 11 mulheres e nove homens. O mais novo tem 20 anos, e o mais velho, 68 anos.

Mandetta recomendou não viajar à região da Lombardia, na Itália:

— Se você não tem por que ir para a Lombardia, por que ir para a Lombardia? Vou lá para olhar? Vou passear? Aí preferiria passear no Hemisfério Sul, Cachoeiro do Itapemirim, Niterói, Foz do Iguaçu, Campo Grande, Pampas, Serra Gaúcha. Mais uma razão para fazer turismo interno no Brasil, se for turismo. Se for para negócios, faça o uso de toda a tecnologia. Tome cuidados higiênicos — disse o ministro.



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