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segunda-feira, 6 de julho de 2020

Cientistas reforçam possibilidade de transmissão da Covid-19 pelo ar


New York Times, com agências internacionais
05/07/2020

Em carta aberta, 239 pesquisadores vão cobrar mudança nas recomendações da Organização Mundial da Saúde

RIO – Cerca de 240 especialistas de 32 países assinaram uma carta aberta e que será veiculada na revista americana Clinical Infectious Diseases, na semana que vem, afirmando que há evidências de que o novo coronavírus, mesmo em partículas menores, está no ar e pode infectar as pessoas. Eles pedem que a Organização Mundial da Saúde (OMS) revise as recomendações sobre contaminação, segundo publicação no jornal The New York Times, deste sábado.

Na atualização mais recente lançada sobre a doença, no dia 29 de junho, a OMS,  afirmou que o novo coronavírus se espalha principalmente de pessoa para pessoa por meio de pequenas gotas expelidas pelo nariz ou boca, após tosse, espirro ou simplesmente uma fala.

Em entrevista ao jornal New York Times, cientistas e consultores da OMS disseram que a OMS, apesar das boas intenções, está fora de sintonia com a ciência e que, principalmente, seu comitê de prevenção e controle de infecções é lento na atualização de orientações e está vinculado a uma visão rígida e excessivamente médica das evidências científicas.

A matéria afirma que o novo coronavírus está encontrando novas vítimas em todo o mundo, em bares e restaurantes, escritórios, mercados e cassinos, dando origem a focos de infecção que confirmam cada vez mais o que muitos cientistas vêm dizendo há meses: o vírus permanece no ar em ambientes fechados, infectando aqueles nas proximidades.

Se a transmissão aérea for um fator significativo na pandemia, especialmente em locais com pouca ventilação, as conseqüências para a contenção serão significativas. Máscaras podem ser necessárias em ambientes fechados, mesmo quando há distanciamento social. Os profissionais de saúde podem precisar de máscaras N95 que filtram até as menores gotículas respiratórias enquanto cuidam de pacientes com coronavírus.


Os sistemas de ventilação nas escolas, lares de idosos, residências e empresas podem precisar minimizar o ar de recirculação e adicionar novos e poderosos filtros. Podem ser necessárias luzes ultravioletas para matar partículas virais flutuando em pequenas gotas dentro de casa.

– Eles vão morrer defendendo sua opinião – disse um funcionário veterano da OMS, que não quis se identificar.

Benedetta Allegranzi, líder técnica da Organização das Nações Unidas para o Controle de Infecções, disse que as evidências do vírus espalhado pelo ar não são convincentes

– Especialmente nos últimos dois meses, temos declarado várias vezes que consideramos a transmissão aérea possível, mas certamente não suportada por evidências sólidas ou até claras. Há um forte debate sobre isso.


Mary-Louise McLaws, membro do comitê e epidemiologista da Universidade de New South Wales, em Sydney, disse que ficava frustrada com as questões do fluxo de ar e do tamanho das partículas, em especial.

– Se começássemos a revisitar o fluxo de ar, teríamos que estar preparados para mudar muito do que fazemos – disse ela. – Acho que é uma boa ideia, muito boa, mas causará um tremor enorme na sociedade de controle de infecções.

No início de abril, um grupo de 36 especialistas em qualidade do ar e aerossóis pediu à OMS para considerar a crescente evidência de transmissão aérea do novo coronavírus. A agência respondeu de imediato, fazendo contato com Lidia Morawska, a líder do grupo e uma antiga consultora da OMS, para marcar  uma reunião.

Mas,  a discussão acabou dominada por alguns especialistas que são fortes defensores da lavagem das mãos e, de acordo com alguns participantes na reunião, os conselhos do comité permaneceram inalterados.


– Sabemos desde 1946 que tossir e falar geram aerossóis –  disse Linsey Marr, especialista em transmissão aérea de vírus da Virginia Tech. – Os cientistas não conseguiram fazer crescer o coronavírus a partir de aerossóis no laboratório, mas isso não significa que eles não sejam infecciosos – explicou Marr, referindo que "a maioria das amostras dessas experiências foi feita em hospitais com bom fluxo de ar, o que diluiria os níveis virais", lembrando que na maioria dos edifícios "a taxa de troca de ar é geralmente muito menor, permitindo que o vírus se acumule no ar e represente um risco maior.

Trish Greenhalgh, médica de cuidados primários da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, faz um alerta:
– Não há provas irrefutáveis de que o SARS-CoV-2 viaja ou é transmitido significativamente por aerossóis, mas não há absolutamente nenhuma evidência de que não seja.






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